Me larguei a ouvir o provável melhor cd do ano passado e daí é claro, tudo esvaiu-se em “adeus ano velho, feliz ano novo”. Desde que isso não seja um check list dos bons e mals bocados passados, vale o devaneio quer você leia, quer não! E que a culpa seja do Arcade Fire, que faz logo da primeira música de The Suburbs, uma ode ao destino filho de uma cabrita.
Meu relógio de pulso, marca o horário de lugar nenhum. Minha vontade era de tomar Nescau na mamadeira e comer arroz de carreteiro no almoço. Mas não vou acertar o horário de verão e a padaria careira em que almoço, não vai contratar a minha avó como cozinheira.
Cobri minha cama de papeizinhos de 7Belo, e reli então, o pequeno caderninho que carrego com mordaças, e apesar das letras mal desenhadas as verdades saltaram em linha, entrelinha, prosa e verso.
Duas pessoas ouviram meus estúpidos resmungos: em ambos proclames, eu estava bêbada (ou quase). A primeira, sacou o celular modernoso e leu o que dela saia como respiro – ela parece ter capsulas de surpreender-me em todo encontro bipolar que compartilhamos, e aqueles declames eram as vírgulas que poucos ou nenhuns sabem ler. A segunda, me faz rir com provocações infantis e chorar com comentários calculados para seduzir – de quem sem muitos esforços me olhou além da camisa friamente abotoada e do preguiçoso coque de velhinha.
Não muito talvez, estas, tornaram-se cenas inesquecíveis do meu passado ainda fresco. Devo juntá-las as noites primaveris de janela aberta; as incontáveis garrafas de vinho branco e a ouvir “C’mere” ao vivo após a conversa mais corajosa que já existiu, na história da minha covardia.
Passada a parte “nossos sonhos serão verdade/ o futuro já começou” e as prováveis lombrigas que vou ganhar depois de 200g de 7Belo, a minha espera, tenho uma semana pra calar a saudade, desfrutar de todo o pastel alucinógeno de carne e tentar perdoar místicos 7 anos de ressaca familiar.
A mesma mão que inspira, fode. (uma estupidez, eu sei.)
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